Está aí. Mais uma vez estamos as voltas com um crime ambiental de maiores proporções. Aquela história de aprender com os erros ou agora trabalhar para que não haja o mesmo no futuro é tudo frase do senso comum, no sistema capitalista. Sofri muito na sexta, mas aconteceu um fato curioso antes. Amigos de Itabira postaram preocupações com as barragens de lá. São quatro barragens construídas: Itabiruçu, com 222,8 milhões de metros cúbicos de rejeito; Pontal, com 220 milhões de metros cúbicos de rejeito; Conceição, com 36 milhões de metros cúbicos de rejeito e Rio de Peixe, com 12,2 milhões de metros cúbicos de rejeito. Logo depois, começou o sofrimento em Brumadinho, onde tenho enorme afeição por causa de Inhotim.
Não podemos falar que foi acidente. Acidente é quando cai um raio, isso foi um crime. Quando tudo é mandado pelo dinheiro, o que vale é o lucro. E de poucos. É duro! Enquanto o pensamento for esse, tudo vai continuar se repetindo. Natureza e negócios não se combinam. É óleo e água. Se você pensar de formas diferentes como sustentabilidade e programas tecnológicos de ponta na conservação da biosfera, você tem uma chance de acertar. Mas a lógica sempre é do lucro. Para quem viu o filme Horizonte profundo, de Peter Berg com Mark Wahlberg, Dylan O'Brien, Kate Hudson e grande elenco, lembra que a maior tragédia com a plataforma de petróleo Deepwater Horizon nos EUA, foi provocado pela ganancia de um dos donos. Tragédia ambiental, matou muita gente, prejuízos enormes. E como foi o final? Os donos foram isentados do crime. Como foi em Marina? Até então a maior tragédia ambiental do mundo? Três anos depois, nenhuma responsabilidade, famílias até hoje sem ajudas, meio ambiente devastado, cidades com fornecimentos de água abalados.
O que poderia se esperar, de um novo governo? Questão de prioridade. Ao invés disso, temos Ministro do Meio Ambiente condenado por favorecer mineradoras, afrouxamento das fiscalizações, liberação dos mais tóxicos venenos na natureza, e uma série de reinvindicações ruralistas para beneficiar justamente o dinheiro. E não é para você caro leitor. Aliás, a ganancia é tão grande, que as barragens em Minas são as mais baratas. Decisão econômica.
Getúlio criou a Vale do Rio Doce, para colocar o Brasil como potência industrial, industrializando o país com seus próprios recursos. Na era FHC, se tornou privatizada e foi vendida por 3 bilhões quando valia 93 bilhões, com justificativa de que dava prejuízo, além de vender rodovias, telefônica. O amigo leitor pode fazer um balanço de 20 anos, um retrospecto se para ele esses serviços foram benéficos. Temos o pior serviço e com mais reclamações das empresas telefônicas e nas estradas, temos os piores serviços asfálticos e de assistência. Como se não existisse. Você não pode reclamar de um serviço privado, achando que vão ter a mesma resposta de um público. Então para que serve? Apenas para seus donos lucrarem. O dono da Vale, Benjamin Steinbruch, se tornou bilionário. Atualmente a empresa vale 200 bilhões. Lucro de um, prejuízo de todos.
Escrevi, na época do crime ambiental de Mariana, que iria acontecer novamente. Não deu outra. E posso afirmar, que vai continuar. Como falei no início, quem dita as regras é o dinheiro, a impunidade e as regras de um governo. Enquanto não houver uma indignação popular volumosa, nada vai mudar. Todo momento que o Brasil, com a capacidade que tem, tenta construir uma indústria competitiva, é imediatamente golpeada por interesses pessoais. Sempre o lucro de poucos.
Depois do fisco em Davos, parte da fala presidencial dizia que somos o país que mais protege o meio ambiente. Como a vida dá essas voltas. Leio muito sobre assuntos diversos e li, não lembro de onde foi sobre o cérebro humano. Ele começa a funcionar quando nascemos, mas no caso do nosso governante, para de funcionar quando ele vai fazer um discurso.
Minhas preces para as famílias partidas de Brumadinho, para a fauna e flora. Na hora do caos, "todos" são penalizados.